sábado, 22 de março de 2008

Tempo


Parece que foi ontem, eu correndo entre as árvores tão cheias de frutos. Eu peguei um dos frutos,
mordi. O tempo pegou uma das flores, caiu. Parece que foi ontem, eu deitada na grama para olhar
as nuvens e meus dedos descobrindo na terra a flor que eu nunca poderia salvar. Se, ao menos,
ela aceitasse o sol e a terra que eu tinha. Se, ao menos, não desistisse da primavera, quando o
inverno chegasse primeiro, pousando as suas mãos sobre ela... Parece que foi hoje, os transeuntes
com pressa, trazendo os caminhos do futuro para baixo dos pés. E eu entre os meus pés distraídos,
descalços, colhendo do tempo, daquela antiga praça, uma erradia flor.

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